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Hoje, o papo foi com o Moacyr Alves. Talvez você não o conheça, mas irá ouvir falar bastante sobre a iniciativa que ele criou, a Jogo Justo. Colecionador de games conhecido de todo mundo, cara naturalmente engajado e gente boa, Moacyr meteu na cabeça que os preços de games e consoles precisam ser mais baixos no Brasil. Daí, em 2009, ele juntou uns amigos, organizou uma lista de discussão, fez lobby, deu a cara para bater… e conseguiu. Ou melhor, ainda não conseguiu – mas deu belos passos adiante.
Atualmente, o Jogo Justo tem o apoio de um deputado federal do Rio Grande do Sul. Aliás, ele em pessoa fará sua primeira divulgação oficial a favor do projeto amanhã, em uma entrevista coletiva na unidade Lapa da Saga (escola de desenvolvimento de games), a partir de 12h30.
Por conta disso (e para dar uma força ao projeto também, claro), bati um papo com o Moacyr para esclarecer melhor qual é a desse Jogo Justo, quais são as reais propostas, e o que nós, consumidores, podemos esperar de resultados. Confira abaixo a conversa e não deixe de comentar no final:
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Gamer.br: Do que se trata a iniciativa Jogo Justo afinal?
Moacyr Alves: O jogo justo é uma iniciativa minha em conjunto com várias pessoas do ramo dos games, como jornalistas, distribuidores, lojas e acadêmicos, para um definitiva redução nos impostos dos games, para tornar nosso pais mais atrativo para as empresas do ramo e também para marcar nosso pais como grande consumidor e investidor na área. Há tempos percebi que o Brasil é um grande consumidor “informal” de games. Imagine se pudéssemos colocar todos na formalidade, com certeza o Brasil estaria no topo dos grandes consumidores.
Basta fazer uma pequena comparação: se o jogo aqui custa R$ 250,00 e muitos compram, quantos não comprariam se eles fossem [vendidos] de R$ 80,00 a R$ 100,00. É isso que eu viso com o jogo justo, ou seja, uma redução significativa nos impostos nos games, para alavancar o mercado nacional.
Sabemos que você já está movimentando o Jogo Justo há vários meses. Quais foram as iniciativas tomadas, e o que mudou de lá para cá?
MA: Na verdade, o Jogo Justo já nasceu há um ano e meio. Nesse meio período, eu vim amadurecendo a ideia e formando aliados para a causa. A primeira iniciativa tomada foi a criação de uma lista com os grandes nomes da indústria, do meio acadêmico e do jornalismo de games, para ter debate e ver quais seriam os melhores rumos para uma tributação justa nos videogames. Depois dela formada, parti em busca de apoio político, porque seria vital para o projeto. Após alguns fatos que tive que suportar, finalmente encontramos um candidato para apoiar a causa. E finalmente estou em fase final para mostrar o Jogo Justo às autoridades responsáveis.
Como está sendo a reação das pessoas ligadas à área política em relação ao Jogo Justo? Alguma surpresa ou reação inesperada até agora?
MA: Várias nesse sentido. Posso dizer claramente que tanto o Deputado Luiz Carlos Busato (PTB-RS) como todo o seu gabinete estão dando toda a atenção a esse projeto que conta com apoio já de toda a indústria e da comunidade de jogadores, mas a minha maior surpresa foi justamente um dos chefes de gabinete de um dos deputados – que tinha batido a porta na minha cara – voltar e dizer que também queria apoiar o projeto… Claro que nesse caso, eu fui bem mais educado do que ele e disse apenas “já temos nosso candidato”.
Qual é a história desse deputado que o apoia? E você poderia dizer quem é o deputado que mudou de ideia?
MA: Ele é do PTB e também é vice-líder desse partido na Câmara dos Deputados. O Luiz é um dos cem deputados em ascensão na Câmara e acredite, ele faz por merecer. Agora, quanto ao deputado que mudou de ideia, esse não vou mencionar, mas se algum dia ele ler essa matéria, acho que irá ficar bem arrependido de não ter comprado essa briga antes.
Efetivamente, o que se espera que esses políticos façam com o seu projeto?
MA: Bom, já demonstrei para o Sr. Luiz como a indústria pode crescer se tivermos uma verdadeira redução nos preços dos jogos e consoles no Brasil, então com isso espero efetivamente duas coisas: 1. Ou que se reduza a carga tributaria dos games a no máximo 8%, fazendo com isso um aquecimento interno geral, onde todos possam ganhar, inclusive o próprio governo, com o desestímulo da pirataria nacional; 2. Que se coloque os games como cultura, o que para mim na verdade eles são, reduzindo assim também a carga tributária para no máximo 3% e tendo as mesmas reações mencionadas na primeira alternativa.
Esse projeto visa especialmente reduzir o preço final dos consoles de ponta, ou há também a intenção de reduzir os preços dos games? Porque é sabido que a carga tributária afeta principalmente os preços dos consoles…
MA: O projeto visa a redução dos videogames, consoles e jogos em geral. Na verdade, os maiores vilões sem dúvida alguma são os impostos. Os games estão englobados como jogos de azar, por isso que tem impostos tão altos. Com uma redução efetiva, vamos deixar de ser um mercado praticamente inexistente para ser um mercado em ascensão, como aconteceu com o México há alguns poucos anos. E na minha opinião, temos muito mais capacidade do que o México em termos de jogos, e não duvido nada que temos mais capacitação até na área de criação de games. Estive visitando algumas escolas de games e fiquei impressionado com que os alunos brasileiros estavam fazendo. Com o Jogo Justo, viso também que o País cresça em matéria de produção de games.
Qual é o prazo para o Jogo Justo começar a repercutir e fazer efeito? Teremos que esperar o desfecho das eleições?
MA: Não, o Jogo Justo andará independente de eleições. O prazo pode ser de duas maneiras:
1. Imediato, se conseguirmos convencer o secretário da Receita Federal;
2. Se não, por projeto de lei. Porém, nessa alternativa, devido à demora para a votação e apreciação, teria que haver um movimento popular para votação acontecer o mais rápido o possível do projeto, porém, teria que haver pressão da população para a Câmara votar mais rápido.
E o que o público consumidor pode fazer para ajudar essa campanha?
MA: O público pode entrar em contato comigo pela pagina do Jogo Justo e também divulgar onde for possível – blogs etc. Quanto mais puderem fazer em matéria de divulgação, melhor.
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Fonte: Aqui